Itaguaí, ainda é chamado de município abandonado - por Carlos A. Sarmento
Inicio esse debate a partir de uma pergunta que provavelmente vários de vocês leitores já tiveram, mesma pergunta, e eu como filho dessa terra, já me fiz varias vezes e ainda me faço:
“Porque Itaguaí cresce e não desenvolve?”
Bem vamos aos números. Atualmente segundo o IBGE o PIB - Produto Interno Bruto (Soma de tudo que é produzido) no ano de 2014 foi de R$ 4.283,923 com um PIB – per capita (soma do PIB por todos os habitantes do município) de R$ 34.257, 38.
Segundo o tribunal de contas do Estado do Rio de Janeiro a Receita Corrente Líquida – RCL, do município (ou seja, livre dos descontos) no ano de 2013 foram de R$ 578.594.087,71.
Diante desses números fica claro para quem visita alguns bairros do município e inúmeros espaços públicos, que os recursos econômicos foram pessimamente utilizados, principalmente nos dois governos do ex-prefeito (e atualmente inelegível) Charlinho e nem precisa falar do desastroso, pra falar o mínimo, do período do governo Mota.
Voltando décadas no tempo fica claro que a cidade não foi preparada para as eminentes mudanças indicadas desde a década de 70, demonstrando hoje suas mazelas sociais em decorrência dessa expansão desorganizada da malha urbana e aumento populacional de 43.053% no período (2000-2014).
O problema recai na péssima gestão e execução de políticas públicas (nas três esferas de poder) incapaz de gerenciar uma das maiores verbas do estado em beneficio da população local.
Enquanto os empreendimentos e megaempreendimentos avançam palmo por palmos de terra, a cidade foi sendo mascarada da realidade, como se não devesse existir, como se seu lugar de origem não devesse ser ali, e gerações de familiares existentes, veem sendo engolidas dia após dia, pelo crescente descaso público em decorrência da não utilização econômica de tais empreendimentos de forma correta no âmbito municipal.
O avanço industrial e tecnológico deve ocorrer, mais que venha de fato e de direito proporcionando a cidade e a seu entorno uma melhoria política e social. Os aspectos básicos como saneamento, segurança e educação devem melhorar na mesma velocidade que a cidade cresce populacionalmente.
A cada ciclo que se avança o esgotamento da qualidade de vida dos munícipes e os limites ambientais vêm sendo desrespeitados, com o governo a realizar vistas grossas para os problemas que se multiplicam proporcionalmente e contraria as crescimento do Complexo portuário e industrial na região.
Que famílias sejam respeitadas em sua escolha de vida em seus possíveis arranjos produtivos locais, sejam elas rurais, pesqueiras, etc e que a cultura local se mantenha viva e respeitada.
O futuro sinaliza uma luz, com o novo governo que se inicia, entretanto aguardarei um pouco mais para opinar de fato sobre essa nova getão, o que se espera é que a população conquiste seu espaço e seja ouvida e respeitada, e que a receita municipal seja distribuída de uma forma menos desigual para população, através de políticas publicas que garantam o mínimo, principalmente para os mais pobres.
E que o hino do município que diz “Itaguaí antigamente era chamado de município abandonado. Hoje ele surge, imponente, rico e belo como é”, se torne de fato um dia verdade.
Sociólogo
Facebook: https://www.facebook.com/sarmentosociologo
*Trechos dessa
matéria fizeram parte do III Seminário Fluminense de Sociologia da Universidade
Federal Fluminense 2014 e fará parte da edição 7º edição
da revista acadêmica “Ensaios”.
Credito da foto: ALCANTARA, Denise. Itaguaí e Seropédica: nós nas
redes – Conflitos e transformações da paisagem. Artigo do anais da VI
oficina de Arquitetura da Paisagem e III oficina Quapa-SEL RJ, p. 1-25. 2011
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